~ Publicado originalmente em redes sociais. ~
"A Divina Comédia", de Dante Alighieri. Ou, como chamei ao longo da leitura, "Os Delírios (Religiosos) de Dante". Dividido em três livros, acompanhamos Dante pelo Inferno, Purgatório e Paraíso conversando com as pessoas. É isso. Sim, só isso. E é muito bom, salvo detalhes. E embora a trama vá "enfraquecendo" a cada parte, ainda mantém seu nível de qualidade que o torna único.
O autor descreve os ambientes e cita dezenas e mais dezenas de pessoas reais em sua obra, definindo quem tá em que lugar e por qual motivo. Isso soa bem problemático na verdade, mas levando em conta a história como ficção dá pra aliviar. Isso e o fato da obra ser datada devido a alguns elementos totalmente esperados pela época, considerando aí questões religiosas, com interpretações diferentes (mais voltada ao catolicismo, no caso), e também científicas, porque Dante se baseia muito na astronomia que se acreditava na época, e só disso ter mudado com o tempo devido a pensamentos equivocados já quebra a experiência de fingir que toda a viagem foi real (se é que alguém ache isso, né). Ao mesmo tempo preserva uma parte da história do que foi o mundo no passado e como ele era visto naquela bolha, o que por si só é um prato cheio.
Há muita coisa interessante nos livros, além dos já citados, inclusive tentativas de respostas para questões bíblicas, vindo daí longas conversas com reflexões e filosofias e divagações sobre diversos assuntos. Todo o contexto histórico da Itália e de como Dante vivia é fortemente retratado aqui. É o que tá direto no conteúdo, não apenas nas entrelinhas. Por isso os comentários anexos que vem em algumas edições são tão importantes pra leitura, porque sem elas não daria pra entender quase nenhuma referência. Se citando a pessoa mal dá pra saber das coisas, imagina quando Dante cita indiretamente. É o típico livro pessoal de "piada interna" que caiu no gosto popular mundial.
Eu li dessa vez a versão em prosa, uma adaptação da versão original em poema. E sim, já tinha lido o poema muitos anos antes, e não minto, meu veredito foi um sincero "muito bom, mas não entendi nada" (kk). Pretendo reler futuramente, ou quem sabe acompanhar num audiobook, já que poemas são feitos pra serem ouvidos. Quanto a versão em prosa, ajuda pra caramba a entender as coisas de forma mais clara, lendo em linha num raciocínio contínuo em vez de ler em versos numa busca por rimas. Cada um com seu charme. Grande livro.
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