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07 junho 2022

[JAM STATION] [RESENHA] Ageha - Efeito Borboleta

  [Publicado originalmente em 2017]

Ageha - Efeito Borboleta

Sabem o termo otaku fedido, que quando é levado na zoeira fica de boa, mas alguns exageram e acabam levando para o lado pessoal e pejorativo Pois bem, foi o que eu senti ao ler esse mangá. Mas calma, isso aqui não é uma resenha esculachando a obra ou dizendo que ela é doentia. Não é isso. Não exatamente. Parte disso, talvez, mas não por completo. Bora prosseguir pra entender.

O Japão é conhecido por duas coisas Tecnologias e bizarrices. E, no mundo do mangá, tudo é válido. Pois bem. Comprei o mangá aproveitando o preço com desconto e, pelo título, pensei envolver a teoria do caos mesmo, mas não foi bem assim. A única bizarrice era a premissa de que o mundo sempre reiniciava quando Motoki, namorado da Ageha, chegava naquele momento com ela, mas ok.

A obra foi lançada em dois volumes pela JBC, com classificação +18. Como diz a sinopse no site Como todo adolescente, o sonho de Motoki Tateha é consumar seu amor com sua namorada, Ageha. Porém, quando os dois estão prestes a chegar nos “finalmentes”, algo inesperado ocorre e Tateha descobre que saciar seus anseios é o menor dos seus problemas. Agora, o jovem se vê preso em um “experimento” em que deverá reviver sua história em diversas realidades absurdas, onde o que está em jogo não é só sua virgindade, mas o destino dele e de sua amada, e da realidade que conhece.. Até aí nenhuma surpresa pra quem já conhece esse universo. Tá até leve. Mas enfim.

A história é viajada demais! E isso é um ponto positivo. Apesar do que a premissa aparenta, qualquer correspondência de amor entre os dois faz o mundo reiniciar. Ao longo dos acontecimentos, as coisas vão ficando cada vez mais fantasiosas e acabam em tragédia, sempre resultando ou na correspondência de amor ou na morte de um dos dois personagens. Isso faz o protagonista voltar ao ponto anterior ao acontecimento, como se fosse uma premonição misturada com viagem no tempo (em suma um sonho, como a história fica repetindo). Ele começa então a buscar maneiras de acabar com esse pesadelo.

A trama chama muito a atenção com seu estilo brisado de sonhos, visões, rumos inesperados, etc. Mas então veio uma surpresa. Embora a trama desse indícios e a classificação também, me fiz de inocente ao nível de ignorar algumas coisas, até que comecei a ler. Já nas primeiras páginas somos apresentados a Ageha nua em folha colorida (sim, as primeiras páginas possuem cores). Tudo bem que ela é criança, mas até aí nada demais no mercado do gênero. E não é algo que esteja em todo o mangá (apesar de ter um capítulo inteiro disso no segundo volume).

O ponto desanimador mesmo é que o mangá é de um teor barato de humor sacana, com direito a coisas que mangás do tipo proporcionam, cabendo a trama surreal levar esse diferencial para se destacar em meio a tantas outras obras clichês que seguem o estilo. Tem o garoto pensando malícias com a garota, uma outra agredindo ele por ser tarado, outra dando em cima dele, todo mundo junto no banho termal, etc, aquelas coisas bem básicas. Mas isso é algo bem relativo, variando com o gosto do leitor. Não creio que serão esses elementos que farão alguém chegar ao ponto de parar de ler.

É uma perversão doida que por um lado é parte inocente dentro de alguns momentos da trama (ah, o amor...), mas também parte culposa em outros momentos e fora da trama porque sabemos que tudo isso é fruto de uma mente tarada (rs). Nada contra o mangaká, não o conheço, apenas analiso a obra.

Mas em defesa, existe também o lado do humor mais agradável e aceitável ao público. Ageha não é para todos, o que já está bem claro até aqui, mas ainda assim possuem momentos prazerosos e divertidos, mesmo que se perca constantemente.

Com o tempo a história fica mais viajada ainda. Sim. Quando se pensa que não dá, dá. Enquanto uma situação não é resolvida, a trama se repete acrescentando suas diferenças. Quando finalmente resolvem, a história simplesmente avança de modo a parecer que estamos lendo outra história em outro contexto, como se fosse outro dia numa outra situação. Mas faz sentido dentro da trama. Muito sentido até.

Em geral, Ageha é um mangá ecchi loli sei lá o que fantasioso com loops temporais cheio de referências e cenas que parecem não fazer sentido mas fazem de alguma forma. Salvo os clichês e forçações terríveis, gostei da história. O subtítulo efeito borboleta é duvidoso por lembrar a teoria do caos, o que é até usado sim, mas não do jeito que muitos podem estar pensando. Há também um jogo de palavras em japonês com borboleta, referentes aos personagens principais. Para os aventureiros que decidirem ler, um aviso Mesmo com tudo o que escrevi, vocês não estão preparados para o que virá. Boa leitura.

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Formado em jornalismo e futuro escritor de livros. Colunista de cultura pop. Cinema, quadrinhos, k-pop. O blog surgiu em 2008 com a proposta de reunir o que eu achava de interessante pela internet e evoluiu até se tornar algo mais original. Atualmente serve como um local de divulgação de links de matérias que escrevo para outros sites, rascunhos e alguns textos aleatórios.