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07 junho 2022

[JAM STATION] [CRÍTICA] Death Note: Nova Geração + Iluminando o Novo Mundo

  [Publicado originalmente em 2017]

Death Note: Nova Geração + Iluminando o Novo Mundo

Em 2003, os mangakás Tsugumi Ohba e Takeshi Obata iniciaram o mangá que viria a ser fenômeno no Japão e até além do meio otaku: Death Note. A história do estudante Light (ou Raito para os otakudos) que queria ser deus, o detetive L obcecado por doces que queria caçar Kira e um caderno da morte pertencente ao deus da morte Ryuk que matava a pessoa apenas escrevendo o nome da vítima chamou a atenção de muitos.

Durante três anos a trama inteligente acompanhou a história de gato e rato entre Light e L e suas diferentes visões de justiça, explorando o contexto em que viviam e o que deveria ser considerado certo ou errado. Não tardou para que um anime viesse, fazendo tanto sucesso quanto e espalhando a obra mundialmente, assim como adaptações em live-action. Tanto o anime quanto os dois primeiros filmes foram lançados em 2006.

Diferente do anime, que seguia fielmente o mangá (salvo detalhes), os filmes procuraram contar uma história alternativa, trazendo mudanças na trama mas sem perder o contexto e mantendo diversos momentos semelhantes. O resultado dividiu opiniões, mas foi sucesso de bilheteria no Japão. Os dois filmes. Há quem odeie, mas contra fatos não há argumento: Os filmes foram sucesso e alguns os listam com dois dos melhores live-actions já feitos. Um terceiro surgiu dois anos depois, contando uma trama do L, sem muita ligação com a história, que já havia sido encerrada.

Terminado tudo, o que viria depois? Não faltaram fanfics para imaginar o que aconteceria com o mundo após a passagem de Kira. Muitos anos depois, em 2015, quando tudo parecia ficar para trás, anunciaram um dorama, recontando a mesma história e, assim como os filmes, trazendo diferenciais. Arrisco a dizer que o dorama foi o mais fiel ao mesmo tempo o mais diferente em relação a obra original. Haviam momentos muito semelhantes, mas também momentos completamente inéditos. Tipo o que ocorreu com os filmes.

No fim do dorama, devido ao seu sucesso, foi anunciado que um filme seria produzido, continuando a trilogia feita anos atrás. Era a fanfic se tornando realidade. Uma história inédita estava para surgir. E, em 2016, foi lançado "Death Note: Light Up the New World", contando a história 10 anos depois do fim. No Brasil saiu esse ano. Mas, lá no Japão, antes ainda saiu uma minissérie, "New Generation", que servia como prelúdio pro novo longa.

Nova Geração

Com apenas 3 episódios, a minissérie focou em apresentar três novos personagens, um em cada episódio, contando os acontecimentos antes do novo filme.

O primeiro episódio é focado em Tsukuro Mishima, líder da Força Tarefa de Combate ao Death Note. Recomendado pelo próprio Soichiro Yagami, já falecido, ele investiga casos de mortes por infarto e começa a suspeitar que Kira está de volta. O episódio também mostra como Matsuda foi promovido.

O segundo episódio é focado em Ryuzaki, detetive e sucessor de L (nessa versão não foi Near nem Mello, apesar deles existirem). Ele começa a investigar casos até se deparar com uma morte suspeita ocorrida por webcam, imaginando que aquilo seja obra de alguém com Death Note. Ele então decide ir atrás da pessoa e descobre algo pior ainda. O episódio dá indícios do que está por vir no filme, mostrando também como ele entrou no caso.

O terceiro episódio é focado em Yuki Shien, ciberterrorista e sucessor de Kira. Crescendo com trauma de ver sua família assassinada durante a infância, ele começa a cultuar Kira após receber o Death Note. O episódio também acompanha um ex-assassino tentando recomeçar a vida enquanto é ameaçado por um ex-amigo e pelo novo Kira. Aqui temos noção do que o personagem se tornará no filme e entendemos suas motivações iniciais.

Apesar de opcional, recomendo fortemente o prelúdio. Não só enriquece a trama como também clareia alguns acontecimentos do filme. Por mais que ele não cumpra seu objetivo de interligar os filmes anteriores com o novo, é feito sob medida. Começa morno, mas melhora bastante depois. Algumas cenas são exibidas no início do filme, onde são passadas cenas do que aconteceu durante esses 10 anos entre o segundo e o quarto filmes.

Iluminando o Novo Mundo

Dez anos se passaram desde o grande confronto entre Light e L. Seis cadernos caem no mundo dos humanos. Mortes começam a acontecer ao redor do mundo. Diferentes tipos de usuários. Tsukuro lidera uma equipe anti-Kira com medo de que ele ou um sucessor retorne. Ryuzaki inicia suas investigações continuando o legado de L. Masaki quer continuar a saga de Kira por um mundo melhor. Um vírus se espalha pelos eletrônicos anunciando a volta de Kira. Essa é a premissa do novo filme.

Como uma fanfic virando realidade (como já disse), o novo longa apresenta novos personagens, mas ao mesmo tempo é totalmente apegado ao passado. Dos personagens antigos, retornam Misa, Matsuda e Ryuk. O restante é novo. Inicialmente, ataque isolados começam a acontecer, até que tudo começa a sair do controle. Usuários diferentes, mentes diferentes.

O primeiro grande ataque acontece a céu aberto, onde uma usuária sai matando todos em seu caminho em meio a uma movimentada avenida. Ryuzaki e a equipe anti-Kira estão a postos para detê-la. É um festival de mortes com cenas de tirar o fôlego. E tudo apenas uma prévia da grandiosidade que está por vir. Ou quase.

Depois que as coisas normalizam, os personagens começam a investigar melhor os acontecimentos. Aquele que se diz o novo Kira logo aparece provocando e trazendo consequências terríveis para quem tentar pará-lo. O filme acompanha basicamente os três personagens principais: o policial, o detetive e o terrorista. Misa entra como uma secundária, mas que, apesar de aparecer pouco e apenas quando necessária, tem seus momentos impactantes na trama. Afinal, ela já seguiu com a vida dela, e é curioso ver como é sua reação após ter suas lembranças de volta. E temos Ryuk na dele rindo de tudo como sempre. Há também novos shinigamis, como a Arma.

Com um visual incrível e uma trama interessante, ao longo do filme somos apresentados a reviravoltas que podem mudar o rumo das coisas, tornando tudo sempre atrativo. A ideia de seis usuários, que logo começam a ser caçados tanto pelos policiais quanto pelo novo Kira, fica devendo quanto ao seu potencial desperdiçado por não ser o foco, mas agrada.

O longa trabalha tanto com a nostalgia quanto referências, trazendo ligações com todos os filmes anteriores (incluindo o esquecido derivado do L, embora a referência seja a mínima possível) e desenvolvendo os "herdeiros" com base nos antigos ao mesmo tempo que trazem coisas novas (eles mesmo ironizam quando querem ser diferentes (afinal, é vivendo e aprendendo com o erro dos outros que melhoramos (?), ninguém quer ser uma cópia de ninguém e cometer os mesmos erros).

Em busca de novidade e mais ação, o filme consegue cumprir seu objetivo de iniciar uma nova saga nos dias atuais sem refazer tudo o que foi feito. Que bom, não gostaria de rever mais uma vez a história sendo refeita (já basta anime, filmes e dorama... e a versão da Netflix). Existem sim alguns momentos duvidosos (como o pai de Light morreu e porque?), provavelmente para tentar deixar os filmes menos diferentes do anime/mangá, além do desperdício de potencial de alguns elementos, mas em geral o resultado é positivo. Bem positivo até. Tanto que gostaria demais que continuassem, e o filme deixa um ótimo gancho para isso (com direito a um final de explodir a mente e a uma imperdível cena pós-crédito).

Para aqueles que procuram novidades em Death Note e possuem mente aberta a novas possibilidades, a semi-nova produção é recomendada. Para quem quer se aprofundar nesse novo universo, a minissérie ajuda a gostar mais da trama (porque responder mesmo algumas questão não, fazer o que). Com grande potencial para ser explorado, Light Up the New World traz a nova geração aquilo que a antiga gostou só que repaginado e num novo ambiente. Que venham mais filmes!

[BÔNUS] Perguntas comuns:

- Dá para ver o filme só tendo visto o anime?

Dá. Talvez algumas referências passem batidas e o impacto não seja o mesmo devido ao retorno de certos atores, mas dá pra entender tudo o que for essencial. Em relação a mudanças entre as franquias, o filme buscou deixar os dois semelhantes nessa década sem acontecimentos, mas dá para entender tranquilo. Só saber que não houve arco Near/Mello.

- Dá para ver o filme só tendo visto os dois primeiros?

Sim. O mínimo de referência é perdido, já que o filme do L é quase todo fechado da franquia, sem nenhum peso geral (pra franquia), mas nada para se preocupar.

- O dorama tem ligação com o filme?

Não. O filme foi apenas anunciado ao fim do dorama, mas não possui ligação nenhuma. O dorama é isolado de tudo assim como o anime foi.

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Formado em jornalismo e futuro escritor de livros. Colunista de cultura pop. Cinema, quadrinhos, k-pop. O blog surgiu em 2008 com a proposta de reunir o que eu achava de interessante pela internet e evoluiu até se tornar algo mais original. Atualmente serve como um local de divulgação de links de matérias que escrevo para outros sites, rascunhos e alguns textos aleatórios.