Unificação: O Blog do Lucas Cardozo e o Críticas do Lucas Cardozo agora são um só. O blog se tornou um espaço pessoal para rascunhos e afins, além de algumas publicações de alguns sites que já fiz parte.

09 janeiro 2019

[GEEKABLE] Os primeiros quadrinhos da nova Hanna-Barbera

[Repostagem temporária de algumas matérias que publiquei no Geekable].
[Matéria de 2016]

Os primeiros quadrinhos da nova Hanna-Barbera

Em 1940, dois funcionários da MGM (aquela da logo com o leão rugindo) lançaram o curta 'Puss Gets the Boot', que viria a iniciar o clássico desenho Tom & Jerry. William Hanna e Joseph Barbera continuaram por quase duas décadas trabalhando para a MGM, até que, em 1957, junto com o diretor George Sidney, decidiram fundar a própria empresa: Hanna-Barbera. Uma curiosidade é que, ainda na década de 40, Hanna e Barbera chegaram a procurar Walt Disney, que demonstrou interesse em suas produções, mas nunca apareceu para negociar.

O primeiro desenho do estúdio foi Jambo e Ruivão (1957). Depois veio Dom Quixote (1958), onde apresentou outros desenhos, como Zé Colméia. Com o sucesso cada vez maior, mais produções e negociações foram surgindo, rendendo desenhos como Os Flintstones (1960), Tartaruga Touché (1962), Os Jetsons (1962), Magilla o Gorila (1963), Jonny Quest (1964), Formiga Atômica (1965), Os Herculóides (1967), Quarteto Fantástico (1967), Corrida Maluca (1968), Scooby-Doo (1969), Josie e as Gatinhas (1970), Superamigos (1973), Capitão Caverna (1977), Godzilla (1978), entre muitos outros. Desenhos que marcaram gerações. Atualmente a empresa pertence a Time Warner.

Adaptações em quadrinhos não são novidade e com a Hanna-Barbera não foi diferente, tendo dezenas. Porém, o foco da matéria é a novidade que pegou muitos de surpresas, vinda pela DC Comics em janeiro de 2016, com o anúncio de 'Hanna-Barbera Beyond' uma espécie de remake/releitura sombria dos desenhos da Hanna-Barbera. Quatro títulos iniciais foram anunciados e começaram a sair em maio, que serão analisados a seguir, junto as suas respectivas primeiras edições.



Future Quest (Jonny Quest e outros)

Primeira edição: 18 de maio de 2016.

Quadrinistas e sinopse oficial: "O escritor Jeff Parker (Aquaman, Liga da Justiça Unida, Batman ’66) e o artista Evan 'Doc' Shaner (Liga da Justiça: A Guerra de Darkseid: Lanterna Verde) juntam forças para trazer novos contos do mais icônico adolescente da aventura, Jonny Quest, junto com seu ajudante Hadji. Esta série combina a equipe Quest (Hadji, Race Bannon, Dr. Benton Quest e Jezebel Jade) com alguns dos mais conhecidos heróis de ação e aventura criados por Hanna-Barbera, incluindo Space Ghost, Os Herculóides, Homem-Pássaro, O Poderoso Mightor, Frankenstein Jr, entre outros."

Future Quest possui uma premissa aventuresca de união de personagens, como Vingadores e Liga da Justiça. Em sua primeira edição, porém, o foco vai totalmente para Jonny Quest. Tudo bem que é o desenho que serve como o fio condutor da história, e por isso a edição acaba servindo como uma introdução antes da aventura começar. Logo no começo já é mostrada uma guerra alienígena violenta e logo depois somos levados para a Terra, onde a história prossegue nos dias atuais. A forma de interligar os vários desenhos são os portais dimensionais que aparecem sem explicação na Terra. Clichê, porém válido e totalmente aceitável dentro das histórias de ficção dos quadrinhos. A presença de alguns pouquíssimos personagens da Hanna-Barbera na trama são visíveis, como o Homem-Pássaro, mas nenhum chega a ter sua importância ainda. Encontro dos personagens, possíveis lutas, tudo foi guardado para as próximas edições, tornando o lançamento sustentado apenas por sua ideia (e por quem gosta do desenho).



Scooby Apocalypse (Scooby-Doo)

Primeira edição: 25 de maio de 2016.

Quadrinistas e sinopse oficial: "Apresentando designs pelo artista veterano Kim Lee e uma história original por Jim Lee e Keith Giffen (Liga da Justiça 2001), o artista Howard Porter (Superman) irá fornecer sua própria visão única sobre Freddie, Velma, Daphne, Salsicha e Scooby-Doo. 'Essas crianças intrometidas' e sua Máquina do Mistério estão no centro de uma experiência bem-intencionada que deu errado e eles precisarão trazer todas as suas habilidades de solução de mistério para suportar (juntamente com a abundância de biscoitos Scooby), para encontrar uma cura para um mundo cheio de criaturas mutantes infectadas por um vírus nanite que aumenta seus medos, terrores e instintos mais baixos. Desta vez, os horrores são reais nesta terra ruim apocalíptica próxima ao futuro!"

Scooby Apocalypse entrega uma releitura diferente, mas com a essência dos personagens originais. A turma não existe, os personagens não se conhecem por completo. Velma é mesquinha, se considerando superior aos demais. Ela é doutora e trabalha numa empresa, que será a responsável por acabar com o mundo na trama. Salsicha é o adestrador de cães da empresa e não sabe de nada que acontece de secreto por lá. A hq chega a dar indícios de uma suposta relação entre ele e Velma, como já aconteceu nos últimos filmes e desenhos. Scooby é uma experiência. A hq inclusive chega a explicar o motivo dele conseguir falar e desenvolve sua relação de amizade com Salsicha de maneira saudosa. Daphne é apresentadora de um programa de tv. Ela é patricinha e vive dando broncas no Fred, que é seu câmera e faz besteira. Assim como em Future Quest, a edição não chega a adentrar no ponto principal da premissa. Na verdade aqui conta apenas como os personagens se conheceram e o que estava para acontecer. Não que isso seja ruim, pelo contrário, consegue render uma boa e agradável história, talvez a melhor dentre os títulos, que resgata elementos do desenho clássico e insere nesse novo universo de maneira curiosa e eficaz, misturando seriedade com leve toque de humor. A edição ainda conta com uma curta história secundária contando como Salsicha conheceu o Scooby.



The Flintstones (Os Flintstones)

Primeira edição: 6 de junho de 2016.

Quadrinistas e sinopse oficial: "Baseado nos designs de Amanda Conner (Arlequina, Estelar), o escritor Mark Russel, (Prez, God is Disappointed in You) fornece sua própria perspectiva única sobre a 'família da idade de pedra moderna'. Russell usará a família mais popular de Bedrock para iluminar os antigos costumes e instituições da humanidade em uma divertida história de origem da civilização humana. Fred ainda é o homem simples, esforçando-se para ser o rei do seu castelo, Wilma ainda é a esposa tolerante, mas não indulgente e Barney (com sua esposa Betty e filho infantil Bambam) ainda é o ala original, cuja lealdade a Fred frequentemente supera seu senso comum."

The Flintstones possui a premissa de contar a história da humanidade, e logo nas primeiras páginas deixam isso claro. A trama começa no presente, onde Fred está empalhado num museu de história. Somos levamos então para a época da idade das pedras, onde Bedrock é uma cidade erguida após uma grande batalha (que Fred participou). É o início da civilização! A história se foca em dois 'arcos': Um é o Fred obedecendo seu chefe, tendo de animar três novos moradores 'primitivos', e outro é a Wilma e sua obra de arte. No arco do Fred, o Sr. Pedregulho vive filosofando sobre a sociedade, sobre onde chegaram, sobre aquilo ser o futuro, ao mesmo tempo que demonstra ganância ao contratar os recém-chegados, que vivem incomodados com o jeito de viver daquelas pessoas. Há uma crítica social visível na história. No arco da Wilma há uma ironia ao que consideramos arte, mas também uma tentativa de transmitir um entendimento sobre uma obra que a princípio parece ter valor apenas para aqueles de "gosto refinado". Trama tranquila, com objetivo simples, consegue agradar, mas pode decepcionar um pouco por se utilizar de poucos personagens do desenho clássico (Fred, Wilma e Sr. Pedregulho, o resto só participação rápida) e ter certo foco em personagens inéditos (o trio que chegou à cidade), embora eles sejam importantes para a história desta edição e abram um significado maior para a trama.



Wacky Raceland (Corrida Maluca)

Primeira edição: 8 de junho de 2016.

Quadrinistas e sinopse oficial: "Pegue a Quadrilha da Morte, Penélope Charmosa e Dick Vigarista, misture uma dose saudável de 'Mad Max' e você terá essa visão sombria e corajosa sobre 'Corrida Maluca', de Hanna-Barbera, cortesia do escritor Ken Pontac (Reboot, Happy Tree Friends) e o artista Leonardo Manco (Hellblazer), com desenhos de veículos por Mark Sexton (Mad Max: Estrada da Fúria). Um tempo de esperança e inocência com Utopia na linha de chegada deu lugar ao Armageddon planetário e uma terra deserta cheia de lagos radioativos, tempestades de poeira nanotech e mutantes canibais. Contra este pano de fundo, os corredores malucos e seus veículos sensíveis continuam sua disputa, mas agora a competição é para a sobrevivência, e só pode haver um vencedor quando a bandeira quadriculada cair."

Wacky Raceland é insano! É possível notar a inspiração em Mad Max no quesito loucura, mas não que a história seja semelhante. O que a premissa não revela é que há uma voz intitulada de A Narradora. Ela é quem decide salvar alguns pilotos de corrida quando o mundo está acabando, sempre com a promessa do grande vencedor ir para Utopia. Acompanhamos os personagens num bar após uma corrida e, enquanto a trama se desenrola por lá, a história alterna com momentos da corrida que aconteceu naquele dia. Penélope Charmosa parece ser a principal, pelo menos nesta edição. Ela não é nada delicada como nos desenhos, demonstrando independência e raiva. Os personagens em geral estão bastante diferentes e não dá para avaliar cada um, já que poucos possuem foco, mas a essência do Dick Vigarista ser trapaceiro e perder continua. Mutley virou um cachorro normal mesmo, a princípio nesta edição. Os carros sofreram uma remodelagem, mas são os mesmos, só que agora falam (exatamente, eles possuem inteligência artificial). Em geral é uma história que empolga pela ideia, mas que segue uma linha narrativa incômoda e deixa a vontade por mais cenas de corrida. A edição conta com uma história secundária de Tio Tomás e seu amigo Chorão, que é humano neste universo, tratando sobre seu problema com o álcool e como ele ganhou a cabeça de urso.

Com apenas quatro títulos, os quadrinhos da Hanna-Barbera demonstraram enorme potencial. Apesar das primeiras edições, de forma geral, não conseguirem entregar toda sua premissa, todas as edições conseguem envolver com suas histórias de personagens outroras de desenhos animados infantis, agora numa versão quadrinizada adulta. Diferente de muitas releituras consideradas sombrias, aqui é feito com competência e sem esquecer das origens, entregando obras que lembram em algum ponto seus originais, mesmo que sejam bastante diferentes, resultando em histórias curiosas e deixando a ansiedade para continuar acompanhando. Lembrando que os quadrinhos saíram em maio e junho, já ganharam outras edições.

Novos títulos já foram anunciados para março de 2017: The Jetsons (Os Jetsons), Ruff and Reddy (Jambo e Ruivão) e The Banana Splits (Banana Slipts). Uma hq do Dick Vigarista & Mutley também está em projeto como derivado de Corrida Maluca, mas não há previsão. Ainda em março também terão quatro títulos de crossover dos desenhos da Hanna-Barbera com os heróis da DC: Adam Strange e Future Quest, com história secundária do Manda-Chuva; Gladiador Dourado e Os Flintstones, com história secundária dos Jetsons; Lanterna Verde e Space Ghost, com história secundária de Jambo & Ruivão; Esquadrão Suicida e Banana Splits, com história secundária do Leão da Montanha. Que surpresas o futuro do projeto Hanna-Barbera Beyond guarda? O que esperar dos crossovers? Quais desenhos você gostaria de ver numa versão mais 'adulta'?

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Formado em jornalismo e futuro escritor de livros. Colunista de cultura pop. Cinema, quadrinhos, k-pop. O blog surgiu em 2008 com a proposta de reunir o que eu achava de interessante pela internet e evoluiu até se tornar algo mais original. Atualmente serve como um local de divulgação de links de matérias que escrevo para outros sites, rascunhos e alguns textos aleatórios.