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09 janeiro 2019

[GEEKABLE] [CRÍTICA] O Motorista de Táxi

[Repostagem temporária de algumas críticas que publiquei no Geekable].
[Matéria de 2017]

O Motorista de Táxi

Subtítulo: Jornalista e taxista se unem contra os militares em filme baseado numa história real.

Nota: 4,5 estrelas

Resumo: Baseado em fatos, o filme transmite o impacto da descoberta de uma ditadura através dos olhos de um taxista e um repórter. Com ótimo desenvolvimento e personagens altamente envolventes, a abordagem sobre o ser humano emociona.



Imagine que você é um taxista e um jornalista revela que algo estranho está acontecendo num local do país que você mora. Você não acredita, mas o leva até lá e então o choque de realidade atravessa seus pensamentos. É isso que acontece em A Taxi Driver, inspirado/baseado em fatos.

O filme se passa nos anos 80 e conta o que ocorreu no fatídico Massacre de Gwangju, na Coreia do Sul, quando militares cercaram todo o território e agrediram seus moradores. Uma pequena ditadura ocorrendo sem ninguém de fora saber.

O personagem que dá título ao filme é Kim (Kang-ho Soon), um taxista que vive sua vida normalmente tentando ganhar dinheiro. Endividado e com uma filha para cuidar, ele ouve sobre uma proposta de um jornalista com um pagamento que quitaria suas dívidas e malandramente vai até o local, pegando para si o cliente de outro taxista. O jornalista é Peter (Thomas Kretschmann), um repórter alemão que estava no Japão e decidiu ir para a Coreia do Sul após rumores sobre o ocorrido em Gwangju. Juntos, eles vão até o local.

Inicialmente, o longa possui um clima parcialmente tranquilo. Temos música tocando no rádio, cenas de estrada, humor e algumas intervenções militares ocorrendo nas ruas devido a protestos. Para Kim, mais um dia qualquer.

Quando os personagens chegam em Gwangju é que as coisas começam a ficar mais sérias. Bloqueado pelo exército, eles buscam meios de entrar no local e acabam conseguindo. Lá, se deparam com ruas desertas, destruição, feridos e protestantes (no sentido de pessoas que protestam, não religião).

O objetivo do repórter é gravar o que está acontecendo, afinal, o jornalista deve informar o ocorrido sem influenciar no cenário, passando apenas os fatos. Mas o que era apenas para ser registrado em troco de dinheiro, acaba se tornando uma luta pela vida e a formação de amizades inesperadas, tornando-o parte da história.

É notável a construção da relação entre os personagens. Começando como dois estranhos e continuando assim por um bom tempo, as situações o forçam a tornar-se mais interligados. Enquanto esse desenvolvimento ocorre, outros personagens começam a aparecer. Cada um é diferente do outro e todos criam um vínculo com os dois principais. Mesmo quando nomes não são identificados, o filme faz questão de nos apegarmos a eles.

É notável também o amadurecimento dos personagens. Kim, sempre com auto-estima mesmo nos momentos difíceis, percebe que seu povo necessita de ajuda e que sua vida, apesar de soar sempre mais do mesmo, é melhor do que daquelas pessoas que estão em guerra. Peter, por sua vez, se envolve numa nova cultura e num acontecimento que o torna mais humano. Seu jeito sempre sério e o fato de ser de nacionalidade diferente o destaca em meio a multidão. Ambos percebem que, mesmo em meio ao caos, as pessoas tentavam ser felizes.

A questão jornalística é retratada no longa. A ditadura local censura os jornais e não deixa que nada saia de lá. País afora, ou nada aconteceu ou foram os protestantes que atacaram e mataram soldados. Peter, tendo apenas sua câmera, registra o que a mídia não mostra, tornando um símbolo de esperança para aquele povo e uma ameaça para o exército.

Aproveitando o gancho, é muito bom ver um filme onde o jornalista não é mostrado como o todo-poderoso. Ele é visto como herói pelo povo devido ao seu objetivo, mas o filme faz questão de mostrar que ele é apenas mais um humano em meio aos demais, vivenciando tudo que os outros vivenciam.

É possível sentir uma variação de gêneros entre o humor, o drama e a "ação". Normal dos filmes sul-coreanos. Entretanto, nesse caso, é como se cada ato acrescentasse um gênero a mais. O resultado é interessante.

Apesar de ser uma história real, o filme usou como base os relatos do jornalista. Não tira mérito algum, claro. A verdade está lá e o fato da produção ser sul-coreana ajuda a tornar mais natural o lado dos sul-coreanos.

O interessante é que, com o lançamento do filme e após supostas dúvidas sobre a veracidade de alguns elementos, respostas vieram a público. Embora seja um caso real, prefiro não dar spoilers, apenas dizer que o longa ajudou a entender melhor a amizade entre os dois e o que aconteceu naquele local e naquela época. Para os curiosos, pesquisem sobre eles.

O Motorista de Táxi, que agora concorre a uma vaga no Oscar, é um belo conto sobre humanidade. Fruto de um caso real, ele retrata um momento marcante da história do país asiático através dos olhos de um simples taxista e de um repórter em busca de notícia. A forma que o longa aborda e desenvolve os personagens e o impacto dos acontecimentos é espetacular.

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Formado em jornalismo e futuro escritor de livros. Colunista de cultura pop. Cinema, quadrinhos, k-pop. O blog surgiu em 2008 com a proposta de reunir o que eu achava de interessante pela internet e evoluiu até se tornar algo mais original. Atualmente serve como um local de divulgação de links de matérias que escrevo para outros sites, rascunhos e alguns textos aleatórios.