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09 janeiro 2019

[GEEKABLE] [CRÍTICA] Eu Fico Loko

[Repostagem temporária de algumas críticas que publiquei no Geekable].
[Matéria de 2017]

Eu Fico Loko

Com a situação atual da internet e dos jovens alienados, ser youtuber atualmente virou gerador de ódio apenas pelo fato de ser youtuber, o que explica a grande divisão de público entre os que querem e os que não querem assistir ao filme, seja por ser fã, por achar a trama bacana ou simplesmente por odiar. Com uma proposta de contar a história de Christian Figueiredo, vlogueiro de grande sucesso atualmente, o filme Eu Fico Loko, que também é nome do seu canal e dos livros biográficos lançados por ele dos quais o filme se baseou, acaba se tornando uma história sobre um adolescente típico da atualidade, só que esse faz vídeos para o YouTube. A trama mais parece um filme americano adolescente. E não são os filmes inspirados na realidade? Pois bem.

O filme se divide entre uma introdução e encerramento na atualidade, um curto momento no começo com o Christian criança e o foco e grande parte que é sua adolescência. No longa, Christian (Filipe Bragança) é o famoso "loser" na escola, o cara que ninguém se importa, o perdedor que todos implicam. Para ser aceito, ele começa a se envolver nas besteiras dos amigos, mas só piora a situação, como na cena da mistura com bebida alcoólica. Cria situações para fugir de um suposto problema bobo, mas acaba piorando mais ainda, como na cena sobre ele já ter beijado uma garota apenas para dizer que não é "bv", onde inventa a Gabriela (Giovanna Brigio) e seu amigo descobre que ela existe. Ele é apaixonado por Alice (Isabella Moreira), uma garota da sua sala, mas tem vergonha de chamá-la para sair. Ignorado até na educação física, Christian grava curtas para a internet junto com seu amigo Yan (José Victor Pires), só para depois ser zoado na escola e sofrer bullying por pessoas como Mauro (Michel Joelsas). Fora do ambiente escolar, Christian recebe cuidado de sua mãe (Alessandra Negrini), seu pai (Marcello Airoldi) e, principalmente, recebe conselhos de sua avó (Suely Franco), que sempre diz para mandar todos irem à m... (rs). A avó de Christian tem um destaque especial na trama e diverte em todas as cenas que aparece.

Questões como aceitação, namoro e primeira vez são tratados no longa de forma eficiente. É como um diário de adolescente adaptado para filme, relatando problemas considerados comuns para a época. E por ser uma trama comum, acaba se aproximando mais ainda de seu público jovem, independente de ser fã ou não do Christian. O filme ainda conta com elenco juvenil relativamente famoso, trazendo atores de produções infanto-juvenis da tv brasileira, como Chiquititas, Carrossel, Malhação e Rebeldes. A direção e o roteiro ficaram por conta de Bruno Garotti e a produção por Júlio Uchôa.

Nos créditos finais são passadas algumas cenas dos vídeos que geraram as histórias contadas nos filmes (os vídeos por sua vez geraram os livros). Como alguém que já acompanhou seu canal no passado, esperava ver mais casos adaptados, mas nem por isso torna o filme inferior, já que tudo o que é mostrado é importante para o que irá acontecer a seguir, não se resumindo a casos isolados, mas sim a um acontecimento que irá repercutir. O que senti falta mesmo foram de mais cenas de suas gravações. Pouco explorado, temos pequenos momentos dele gravando os curtas. Em relação ao vlog, faz sentido ter menos ainda, já que o filme é justamente toda a história que o levou a criar o canal. Um possível vacilo talvez tenha sido numa pequena cena em seu final que na hora não percebi. Quando notei, senti confuso. Tem a ver com o destino de uma personagem. Mas relevem, não atrapalha a trama.

Longe de ser um clássico, que sequer é a proposta, Eu Fico Loko visa entreter e contar a trajetória de um garoto considerado fracassado que decidiu gravar seus desabafos e postar na internet. Mesmo com o fundo se assemelhando a diversos adolescentes, ele ainda possuía o diferencial de criatividade, criando curtas para a internet, em vez de ficar sem fazer nada e reclamando de quem tenta ser diferente, como muitos fazem. Injustiçado pelos haters, o longa acaba se tornando subestimado por ser "uma biografia de um youtuber de 20 anos", mesmo que seu resultado seja parcialmente positivo. Christian viu uma oportunidade de aproveitar seu cotidiano e relatar sua história, que pode servir de inspiração para muitos jovens. Não é nenhum grande gênio digno de Nobel da paz, é apenas um jovem aproveitando a vida e que quer trazer alegria para as pessoas, fazendo com que elas se identifiquem com seus casos. A ironia disso tudo é que o próprio Christian, que também participa do longa, sabe que é exagero ele ter três biografias e um filme. Ele entende toda a situação. Essa fama quem deu a ele foram os fãs, claro. E ele aproveitou.

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Formado em jornalismo e futuro escritor de livros. Colunista de cultura pop. Cinema, quadrinhos, k-pop. O blog surgiu em 2008 com a proposta de reunir o que eu achava de interessante pela internet e evoluiu até se tornar algo mais original. Atualmente serve como um local de divulgação de links de matérias que escrevo para outros sites, rascunhos e alguns textos aleatórios.