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09 janeiro 2019

[GEEKABLE] [CRÍTICA] Esta é a Sua Morte - O Show

[Repostagem temporária de algumas críticas que publiquei no Geekable].
[Matéria de 2017]

Esta é a Sua Morte - O Show

E se você pudesse se matar ao vivo durante o programa em troca de dinheiro para sua família enquanto diversas pessoas o assistem? Aceitaria? Pois essa é a premissa do longa Esta é a Sua Morte - O Show.

Repleto de altos e baixos, o filme dirigido, produzido e atuado por Giancarlo Esposito pode causar certa polêmica ao romantizar um tema pesado como o suicídio enquanto tenta inserir alguma indagação em meio ao espetáculo visual sangrento. O resultado é intrigante, fruto de uma premissa interessante, apesar dos pesares.

A trama se apega a ideia das pessoas gostarem de tragédia e dos publicitários transformarem isso em entretenimento, tornando um mercado lucrativo. Nesse contexto, somos apresentados a Adam Rogers (Josh Duhamel), apresentador de um programa de casamento. No episódio em questão, as coisas saem do controle quando a participante rejeitada pega uma arma, mata o noivo e depois se suicida. Perturbado, o apresentador começa a refletir sobre o que está fazendo.

Como sabemos, a mídia não para, e por isso a apresentadora da emissora, Ilana Katz (Famke Janssen), entra em contato com o advogado e acaba por criar um programa onde as pessoas se suicidam. Adam é contra, assim como a produtora Sylvia (Caitlin Fitzgerald), contratada para produzir o novo reality show. Depois de recusarem, os dois acabam cedendo, mas Adam quer fazer do seu jeito, criando assim um espaço onde as pessoas possam se matar em troca de dinheiro para suas famílias, doado pelos participantes do auditório. Começa então a polêmica.

Rapidamente o programa vira alvo de críticas, e é aqui que temos duas tramas adicionais que percorrem o longa. Uma delas é da Karina (Sarah Wayne Callies), irmã de Adam, que trabalha num hospital e vê sua reputação cair devido a imagem de seu irmão. Outra trama é de Mason Washington (Giancarlo Esposito), que passa por dificuldades para manter sua família, buscando mais empregos para pagar as contas.

Embora tenha um início convincente, logo o desenvolvimento começa a variar, sendo resgatado pelas reviravoltas que a trama constrói. O foco se volta para as consequências causadas pelo programa, enquanto dentro do programa continuamos presenciando um festival de mortes. Adam quer crescer, mas isso começa a trazer consequências. Quanto ao arco de Mason, prossegue interligado em detalhes, o que dá possíveis indícios de seu destino na trama.

O clima mórbido e a espetacularização do suicídio a princípio deveria gerar um debate sobre tal tema, mas não é o que ocorre. A crítica social presente no filme se refere a ganância que algumas pessoas possuem, crescendo e lucrando através de terceiros, buscando sempre mais. É um reflexo dos programas sensacionalistas e do público sedento por carnificina, formando assim o mercado consumista.

As mortes acabam sendo o fio condutor da história. A ideia de um programa de suicídio é defendida de forma realista através de leis, mas não convence. Mero detalhe, afinal, "é apenas um filme". Obviamente tudo leva a uma lição, não é tão gratuito. Existe um sentido por trás da história, mesmo com suas falhas.

A sensação, porém, é de que poderiam ir além, explorar mais esse universo, tratar mais a fundo a questão do suicídio, vista apenas de forma emocional e superficial. O produto final está longe de ser ruim, consegue agradar, mas deixa um vazio do potencial desperdiçado. Por tratar de um tema forte e ter reviravoltas marcantes, o longa consegue se reerguer sempre que necessário, o que influencia muito na qualidade e não o deixa cair no desinteresse.

Talvez o filme não gere debates na vida real, ou não tanto quanto poderia, mas no fim consegue passar sua mensagem. Se matar para supostamente "salvar" a família gera consequências. Quem seria você no meio disso? Um participante? Um apoiador? Um repudiador? Se inscreveria para morrer? Iria assistir junto com a plateia? Faria protestos para acabar com aquilo? Esse é o caminho ou é apenas uma utopia comprada por pessoas manipuladas buscando a satisfação de seus instintos ocultos? Até onde podemos se aproveitar das mortes para nós mesmos? Se é que se aproveitar de algo do tipo seja correto.

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Formado em jornalismo e futuro escritor de livros. Colunista de cultura pop. Cinema, quadrinhos, k-pop. O blog surgiu em 2008 com a proposta de reunir o que eu achava de interessante pela internet e evoluiu até se tornar algo mais original. Atualmente serve como um local de divulgação de links de matérias que escrevo para outros sites, rascunhos e alguns textos aleatórios.