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22 maio 2021

[O VÓRTICE] Togo e a real história por trás de Balto

Você provavelmente já deve ter ouvido falar de Balto, o cão que salvou vidas atravessando uma longa nevasca para buscar remédios para salvar crianças doentes de uma cidade nos Estados Unidos. Mas... E de Togo, já ouviu falar?

Em 1925, na cidade de Nome, Alasca, uma epidemia de difteria atingiu as crianças da região. A infecção, causada pela bactéria <em>Corynebacterium diphtheriae</em>, causa inflamação na garganta, dor de cabeça, dificuldade de respirar e/ou de engolir, entre outros sintomas que podem levar a problemas cardíacos, respiratórios, etc.

Impossibilitados de receber ajuda devido a uma enorme nevasca e correndo contra o tempo, os remédios estavam a centenas de quilômetros de distância, em Nenana. Uma corrida pelo soro então foi proposta, com equipes de trenós revezando a viagem. O acontecimento ganhou o nome de "<em>Grande Corrida da Misericórdia</em>".

Nesse contexto entra o treinador norueguês Leonhard Seppala. Experiente e recordista no ramo de corrida de trenó, ele foi o escolhido para percorrer o trajeto de ida e volta, que totalizava pouco mais de mil quilômetros. Isso numa temperatura de extremas dezenas de graus Celsius negativos. Em sua equipe de cães huskies siberianos, o cão-guia Togo liderou a matilha.

No fim, Seppala e seu cão Togo, assim como os outros cães de seu grupo, percorreram quase todo o percurso. Impossibilitado de continuar, os remédios foram passados adiante. Foi Gunnar Kaasen que chegou na cidade com eles, com a equipe de cães que Seppala havia reservado caso acontecesse alguma coisa, liderado pelo cão Balto. Controvérsias alegam que o cão Fox era o líder, entretanto, mas, por fins midiáticos, Balto levou a fama.

Ao todo, vinte equipes e mais de cem cães participaram dessa jornada para salvar vidas. Em 2011, Togo foi eleito pela revista Time como o animal mais heróico de todos.

Balto na mídia

O feito na época levou Balto a ganhar uma estátua sua ainda em 1925, erguida na Central Park, em Nova Iorque. Em 1933, com sua morte, o cão foi empalhado e encontra-se em exposição no Museu de História Natural de Cleveland.

Balto causou impacto na cultura pop, se tornando ou inspirando personagens em obras como no livro Night Without End (1959), de Alistair MacLean, e na história em quadrinhos do <em>Tio Patinhas </em>North of the Yukon (1985), de Carl Banks.

A obra mais famosa de Balto foi o filme animado Balto, de 1995, com direção de Simon Wells (<em>O Príncipe do Egito</em>) e distribuído pela Universal Pictures. No Brasil ganhou o título de <em>Balto - Sua História Tornou-Se Uma Lenda</em>. Foi o último longa produzido pela Amblimation, subsidiária da Amblin Entertainment, fundada por Steven Spielberg. Mais tarde isso levaria ao surgimento da DreamWorks Animation.

Lançado na mesma época do primeiro Toy Story, o longa animado de Balto foi um fracasso de bilheteria, mas dividiu opiniões dos críticos. Apesar, chegou a ganhar duas continuações com tramas inéditas em 2002 e 2004: <em>Balto 2 - Uma Aventura na Terra de Gelo</em> (Balto II: Wolf Quest) e <em>Balto 3 - Nas Asas do Destino</em> (Balto III: Wings of Change), dirigidas por Phil Weinstein (<em>Historinhas de Dragões, Hércules</em>). As novas histórias se focam em contar as aventuras dos filhos de Balto.

Togo na mídia

Por mais que Togo não tenha recebido a mesma fama que Balto, isso não o impediu de receber também homenagens e afins. Após sua morte em 1929, Togo também foi empalhado e hoje encontra-se num museu em Wasilla, no Alasca. 

Em 2001, uma estátua de Togo foi inaugurada em Seward Park, em Manhattan. Existe atualmente um abaixo-assinado para que substituam a estátua de Balto pela de Togo no Central Park.

Togo chegou a ganhar um livro ainda em vida. Togo's Fireside Reflections (1928), de Elizabeth M. Ricker, teve até assinatura do próprio Togo.

Togo também inspirou a cultura pop ao seu modo. Ele foi citado no livro The Whispering Statue, da série <em>Nancy Drew Mystery Stories</em>, sendo esse específico escrito por Mildred Wirt Benson.

Deixado no esquecimento e pouco lembrado, Togo retornou aos holofotes após quase um século depois de seu feito graças ao longa lançado pela Disney+.

Lançado no fim de 2019, a produção da Walt Disney Pictures segue a história real de Togo, seu dono e a grande corrida. Quase nada se é falado sobre Balto. Com direção de Ericson Core (<em>Invencível, Caçadores de Emoção: Além do Limite</em>), o filme recebeu notas altas da crítica e do público. Seppala foi interpretado por ninguém menos que o ator Willem Dafoe, nosso eterno <em>Duende Verde</em> na trilogia <em>Homem-Aranha </em>de <em>Sam Raimi</em>.

Com cenas de tirar o fôlego, o filme acompanha os desafios enfrentados durante a tempestade enquanto desenvolve também a forte relação entre Sepalla e Togo, alternando entre duas linhas do tempo: Uma para a corrida e outra para a trajetória de Togo até ali.

Detalhes

Um filme da Disney resgatando a história de Togo e popularizando a verdade por trás dos acontecimentos nos anos 20 foi certeiro. Por um lado, traz aquele sentimento de indagação sobre o quanto da história geral que conhecemos é exatamente como é descrita. Por outro, traz aquela sensação de agradecimento por esclarecerem um equívoco histórico. Viva Togo. Balto, entretanto, não pode ser menosprezado por questões humanas de quem merecia mais fama.

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Formado em jornalismo e futuro escritor de livros. Colunista de cultura pop. Cinema, quadrinhos, k-pop. O blog surgiu em 2008 com a proposta de reunir o que eu achava de interessante pela internet e evoluiu até se tornar algo mais original. Atualmente serve como um local de divulgação de links de matérias que escrevo para outros sites, rascunhos e alguns textos aleatórios.