[Repostagem temporária de algumas críticas que publiquei no Geekable].
[Matéria de 2017]
Okja
Movido a polêmicas, Okja causou uma enorme confusão no Festival de Cannes, não pelo conteúdo do filme, mas pela produção Netflix. Um longa feito para um serviço de stream estreando no cinema? O suficiente para que vaias ocorressem e o filme fosse proibido de estrear nos cinemas de alguns países do qual estava programado. Ironicamente, após a exibição, Okja foi ovacionado. Os críticos gostaram e precisaram engolir o ódio pela diferença de plataforma. Não que isso tenha impedido os boicotes dos cinemas.
Bong Joon-Ho é o diretor do longa. Famoso de longa data na Coreia do Sul, já dirigiu e roteirizou filmes como Memórias de um Assassino (2003), O Hospedeiro (2006) e Expresso do Amanhã (2013), sendo esse último conhecido mundialmente graças ao elenco internacional de peso. De acordo com ele, a escolha da Netflix como produtora foi devido a falta de liberdade sobre Expresso do Amanhã, chegando a ter que cortar várias cenas do longa para o mercado ocidental.
Querendo liberdade para sua produção, inspirado com pensamentos sobre a escolha do ser humano sobre que animal comer e que animal ser amigo e vivendo num país considerado por ele o "paraíso do churrasco", para seu novo filme ele decidiu contar uma história de uma garota e sua porca que veem sua amizade ameaçada pela indústria alimentícia. O porco, de acordo com ele, é o animal mais relacionado a alimentos, por isso a escolha. A produção do filme, inclusive, o impactou ao ponto dele passar a comer apenas carne de peixe e frutos do mar. Mas isso abordarei mais ao final. Vamos para a crítica.
Como se fosse um live-action do Studio Ghibli (inclusive há referências, como Totoro), Okja se inicia em 2007, nos Estados Unidos, onde Lucy Mirando (Tilda Swinton), dona da empresa Mirando, explica sobre seu projeto de diminuir a fome no mundo através de superporcos. O projeto de 10 anos envolve mandar 26 superporcos, um para cada país, para que sejam cuidados por fazendeiros e cresçam. Uma década se passa e o longa vai para a Coreia do Sul, onde acompanhamos a tranquila vida da simpática garota Mija (Ahn Seo-Hyun) e a superporca Okja, que dá nome ao filme. Mija (ou Mikha) vive com seu avô e a porca até que uma equipe de televisão chega para filmar a porca num programa apresentado pelo insuportável doutor Johnny Wilcox (Jake Gyllenhaal). Só que tudo faz parte do plano de levar Okja embora. Desesperada e se sentindo traída por seu avô por não ter avisado, Mija decide fugir de casa e ir atrás de Okja. Se antes o clima do filme era tranquilo, a partir daí as coisas começam a mudar.
Num vai e vem de acontecimentos, onde uma coisa leva a outra como um efeito borboleta e o filme vai mudando de clima, Mija demonstra ser uma forte personagem. Ela acaba recebendo ajuda da ALF ("Frente pela Libertação Animal" em português), um grupo que, como o nome diz, luta pelos direitos dos animais. Liderada por Jay (Paul Dano), a equipe é composta por K (Steven Yeun), Red (Lily Collins), Blond (Daniel Henshall) e Silver (Devon Bostick). Juntos, eles tentam impedir a empresa Mirando de matar Okja.
Enquanto o grupo da ALF age, o longa também acompanha a empresa Mirando lidando com toda a situação. As cenas de diálogos são interessantes e mostram Lucy conversando com outras pessoas de sua empresa sobre o que fazer e como se aproveitar da situação. É o outro lado da história. A questão de herói e vilão ainda não está desenvolvida, apenas lados de uma situação envolvendo um caso inusitado de uma garota que quer salvar a preciosa porca, justamente a considerada a melhor do projeto.
O roteiro, apesar das reviravoltas, possui seu lado previsível e alguns "furos" para facilitar alguns acontecimentos na trama. Nada que atrapalhe a experiência e também nada mal feito, já que o resultado compensa qualquer problema e é bem trabalhado. Numa mistura de gêneros, alternando entre aventura, ação, drama e comédia, Okja demonstra o estilo sul-coreano de se fazer filme e resgata elementos já utilizados pelo diretor em algumas de suas produções anteriores, principalmente O Hospedeiro. Unindo-se com a alternância entre cenas em coreano, em inglês e até mesmo os dois, o longa acaba por realizar um encontro de personagens de países e línguas diferentes (como visto levemente em Expresso do Amanhã) e ainda se aproveita disso para a trama, não deixando ser um mero detalhe. Como os personagens da ALF dizem: "Tradução é sagrado". Que indireta.
Cada vez mais que o longa vai chegando a sua conclusão, mais as coisas vão ficando sérias. Durante o longa, questões sobre os animais como forma de alimentação são debatidos, mas não gratuitamente e apenas nos momentos certos. Por parte do grupo, eles defendem seus motivos para os animais não serem comidos. Por parte da empresa, vemos o lado comercial da história. Na verdade a empresa pouco está se importando para a questão de comer ou não comer, mas sim de vender e agradar o público.
Ao fim, Okja se torna uma grande aventura com uma grande crítica. Com um início explicativo e promissor, o longa tende a melhorar com o passar do tempo. Sua boa estrutura, história envolvente, personagens carismáticos (em parte) e escolha de atores fez até mesmo os críticos que vaiaram a produção por ser Netflix (claro que há motivos maiores envolvidos) a se redimirem e confessarem a qualidade da obra.
Vale observar que, assim como as atitudes do diretor de mudar seu hábito, o filme não é exatamente uma crítica ao fato de comer ou não carne, mas sim ao modo que a indústria alimentícia trata os animais. Ora, qual a diferença de deixar de comer um porco, mas comer peixe? A resposta está justamente no tratamento que o animal recebe antes da morte. Tudo depende do ponto de vista. O objetivo do longa não é impedir ninguém de comer carne (o elenco mesmo não parou), mas sim de se atentar mais ao mercado e aos animais. Existe uma grande diferença entre a empresa que mata o animal torturando ele e a empresa que mata seguindo normas para uma morte indolor.
A ideia de apego ao animal é humano. O porco é apenas um dos vários exemplos de animais. Assim como gostamos de brincar com cachorro, tem gente que gosta de come-los. Assim como comemos vaca, tem país que ela é sagrada. Reforço a ideia do filme não ser uma crítica direta ao consumo pessoal com um detalhe: A protagonista do filme comia frango normalmente ao mesmo tempo que amava sua porca. Outros motivos já expliquei ao longo da crítica. Logo, cada um tem sua visão sobre quais animais comemos ou deixamos de comer para nos tornarmos amigos. No mais, Okja é uma grande aventura, como também já disse anteriormente.
Aqui publico matérias que escrevi ao longo dos anos para sites e blogs e também rascunhos de publicações e outras aleatoriedades. Um espaço pessoal para textos diversos. Espero que gostem.
09 janeiro 2019
[GEEKABLE] [CRÍTICA] A Vigilante do Amanhã: Ghost in the Shell
[Repostagem temporária de algumas críticas que publiquei no Geekable].
[Matéria de 2017]
A Vigilante do Amanhã: Ghost in the Shell
Com cgi atrativo e algumas cenas exatamente iguais ao longa animado de 1995, os trailers da adaptação da obra cyberpunk Ghost in the Shell já aparentavam que Hollywood finalmente havia acertado numa adaptação de origem japonesa (embora já tivessem acertado antes). Mas também poderia ser uma bomba, e não apenas pelo vasto histórico de produções vergonhosas, mas pelo peso da obra original. Felizmente o resultado final foi agradável, mas não satisfatório.
A história original foi escrita por Masamune Shirow em formato de mangá em 1989, do qual o filme diz ser baseado, embora esteja claro que puxaram mais o anime. Shirow se inspirou bastante em Blade Runner (1982) para construir seu universo. É uma trama que envolve o conceito de vida atrelado a tecnologia de forma tão profunda e complexa em meio a humanos e ciborgues indagando sobre o real significado sobre a vida ou questionando a própria existência. A adaptação em anime de 1995 posteriormente serviu de forte inspiração para a famosa trilogia Matrix. Estamos falando de uma obra revolucionária que inspirou outra obra revolucionária que inspirou outra obra revolucionária. Nesse quesito, a adaptação americana fez jus a isso? Nem um pouco, mas ainda entregou um bom filme.
Dirigido por Rupert Sanders (Branca de Neve e o Caçador), o longa se passa em 2029, onde a tecnologia evoluiu, há diversos hologramas pelas ruas e as pessoas fazem "melhorias" no corpo, vulgo implantes cibernéticos. A protagonista do filme é Major (Scarlett Johansson), que teve seu corpo destruído após um acidente, mas seu cérebro sobreviveu, mantendo assim sua 'humanidade' em seu novo corpo robótico. A todo momento ela se questiona sobre ser humano e sobre as máquinas. Ela comanda a Seção 9 de uma equipe especializada em crimes cibernéticos. O chefe da equipe é Daisuke Aramaki (Takeshi Kitano), o único que fala japonês no longa. Major ainda conta com a ajuda de Batou (Pilou Asbæk), que está sempre ao seu lado. Diferente do vilão da obra original, aqui temos um vilão que surgiu num dos derivados da franquia japonesa: Kuze (Michael Pitt), alguém misterioso que quer acabar com a empresa que criou a Major.
Basicamente o longa acompanha Major atrás de Kuze enquanto se questiona sobre a vida, dividindo-se entre longas cenas de diálogos e cenas de ação. E é um questionamento bem "básico" se comparado a obra original. O longa fica na mesma tecla o tempo todo. O quanto da Major é humana? Ela pertence a que grupo? Se ela é robótica, ela é igual aos outros robôs? Se ela é diferente, o que a torna diferente? Tudo se volta para Major. O foco é na Major. Mesmo com as reviravoltas marcantes, que trazem novos rumos para a trama, a insistência em se manter no mesmo questionamento chega a cansar. Claro, levando em conta que foi um filme feito para o público em geral, dá para entender.
Assim como no longa de 95, por mais que a versão hollywoodiana tenha mais ação, não exageram nem se resume a apenas isso. Não há tanta ação assim se considerarmos a duração total do longa, o que pode desagradar parte do grande público que não gosta do assunto (ainda mais se considerarmos que está sendo vendido como um blockbuster de ação). É um blockbuster diferenciado, arriscado, e que, de certa forma, deu certo. Mas voltando a ação, há boas cenas, como a da gueixa robô e a perseguição após o caminhão de lixo.
Ghost in the Shell já conta em sua franquia japonesa com diversos mangás, filmes, animes, etc, passando de mais de 10 produções, todas enriquecendo o vasto universo criado com o mangá. Em meio a eles, a adaptação americana se encontra como uma versão recente, que só o tempo dirá se ficará marcado ou não. Hollywood entregou um bom filme, com a essência fiel ao original, boa trama, bons personagens e ainda fez fanservice ao inserir cenas semelhantes. Só faltou se aprofundar no tema, 'desculpado' pela questão de público.
[Matéria de 2017]
A Vigilante do Amanhã: Ghost in the Shell
Com cgi atrativo e algumas cenas exatamente iguais ao longa animado de 1995, os trailers da adaptação da obra cyberpunk Ghost in the Shell já aparentavam que Hollywood finalmente havia acertado numa adaptação de origem japonesa (embora já tivessem acertado antes). Mas também poderia ser uma bomba, e não apenas pelo vasto histórico de produções vergonhosas, mas pelo peso da obra original. Felizmente o resultado final foi agradável, mas não satisfatório.
A história original foi escrita por Masamune Shirow em formato de mangá em 1989, do qual o filme diz ser baseado, embora esteja claro que puxaram mais o anime. Shirow se inspirou bastante em Blade Runner (1982) para construir seu universo. É uma trama que envolve o conceito de vida atrelado a tecnologia de forma tão profunda e complexa em meio a humanos e ciborgues indagando sobre o real significado sobre a vida ou questionando a própria existência. A adaptação em anime de 1995 posteriormente serviu de forte inspiração para a famosa trilogia Matrix. Estamos falando de uma obra revolucionária que inspirou outra obra revolucionária que inspirou outra obra revolucionária. Nesse quesito, a adaptação americana fez jus a isso? Nem um pouco, mas ainda entregou um bom filme.
Dirigido por Rupert Sanders (Branca de Neve e o Caçador), o longa se passa em 2029, onde a tecnologia evoluiu, há diversos hologramas pelas ruas e as pessoas fazem "melhorias" no corpo, vulgo implantes cibernéticos. A protagonista do filme é Major (Scarlett Johansson), que teve seu corpo destruído após um acidente, mas seu cérebro sobreviveu, mantendo assim sua 'humanidade' em seu novo corpo robótico. A todo momento ela se questiona sobre ser humano e sobre as máquinas. Ela comanda a Seção 9 de uma equipe especializada em crimes cibernéticos. O chefe da equipe é Daisuke Aramaki (Takeshi Kitano), o único que fala japonês no longa. Major ainda conta com a ajuda de Batou (Pilou Asbæk), que está sempre ao seu lado. Diferente do vilão da obra original, aqui temos um vilão que surgiu num dos derivados da franquia japonesa: Kuze (Michael Pitt), alguém misterioso que quer acabar com a empresa que criou a Major.
Basicamente o longa acompanha Major atrás de Kuze enquanto se questiona sobre a vida, dividindo-se entre longas cenas de diálogos e cenas de ação. E é um questionamento bem "básico" se comparado a obra original. O longa fica na mesma tecla o tempo todo. O quanto da Major é humana? Ela pertence a que grupo? Se ela é robótica, ela é igual aos outros robôs? Se ela é diferente, o que a torna diferente? Tudo se volta para Major. O foco é na Major. Mesmo com as reviravoltas marcantes, que trazem novos rumos para a trama, a insistência em se manter no mesmo questionamento chega a cansar. Claro, levando em conta que foi um filme feito para o público em geral, dá para entender.
Assim como no longa de 95, por mais que a versão hollywoodiana tenha mais ação, não exageram nem se resume a apenas isso. Não há tanta ação assim se considerarmos a duração total do longa, o que pode desagradar parte do grande público que não gosta do assunto (ainda mais se considerarmos que está sendo vendido como um blockbuster de ação). É um blockbuster diferenciado, arriscado, e que, de certa forma, deu certo. Mas voltando a ação, há boas cenas, como a da gueixa robô e a perseguição após o caminhão de lixo.
Ghost in the Shell já conta em sua franquia japonesa com diversos mangás, filmes, animes, etc, passando de mais de 10 produções, todas enriquecendo o vasto universo criado com o mangá. Em meio a eles, a adaptação americana se encontra como uma versão recente, que só o tempo dirá se ficará marcado ou não. Hollywood entregou um bom filme, com a essência fiel ao original, boa trama, bons personagens e ainda fez fanservice ao inserir cenas semelhantes. Só faltou se aprofundar no tema, 'desculpado' pela questão de público.
[GEEKABLE] [CRÍTICA] Power Rangers
[Repostagem temporária de algumas críticas que publiquei no Geekable].
[Matéria de 2017]
Power Rangers
Go! Go! Power Rangers! Mighty Morphin Power Rangers! A franquia americana da Saban "inspirada" (pra não dizer parcialmente copiada com autorização) na japonesa Super Sentai já existe a mais de duas décadas e, após mais de 20 temporadas e alguns filmes, finalmente retorna para os cinemas americanos numa releitura mais "adulta". A versão sombria busca trazer boa parte dos elementos da primeira série num universo repaginado, buscando agradar ao público que cresceu assistindo ao programa.
A nova versão é dirigida por Dean Israelite (Projeto Almanaque) e conta com uma equipe de roteiristas por trás: Ashley Miller e Zack Stentz (X-Men: Primeira Classe), Burk Sharpless e Matt Sazama (Deuses do Egito), John Gatins (Kong: A Ilha da Caveira), Max Landis (Poder Sem Limites), Shuki Levy (roteirista de algumas temporadas de Power Rangers, incluindo as primeiras) e Haim Saban (o próprio produtor da franquia).
Analisar um longa do tipo se torna uma tarefa complicada. Não digo por ele se sustentar pelo fator nostalgia, pois isso felizmente é só um complemento. A questão é em relação a supostos "spoilers". Quem quer se surpreender deve evitar tudo, mas quem acompanha notícias ou simplesmente viu o trailer e tem boa percepção, já percebe elementos sobre o filme que estão visíveis demais. O filme também já começa revelando alguns dos supostos "spoilers", ou seja, não é spoiler, resumindo-se apenas a diferenças e elementos não contados nos materiais de divulgação (e acredite: as confirmações por parte da divulgação são muito mais spoilers que as obviedades). Para evitar reclamações, tentarei não entrar em alguns detalhes.
Na trama, Zordon (Bryan Cranston) enterra as moedas do poder afim de que um novo grupo de rangers encontre-as futuramente. Milhões de anos se passam até que cinco jovens encontram as pedras num campo de mineração. Eles são o ranger vermelho Jason (Dacre Montgomery), a ranger rosa Kimberly (Naomi Scott), a ranger amarela Trini (Becky G), o ranger preto Zack (Ludi Lin) e o ranger azul Billy (RJ Cyler). Ok, mas e o verde? Pois então, a moeda verde está com a vilã do filme, Rita Repulsa (Elizabeth Banks). Zordon e Alpha 5 (Bill Hader) começam a treinar esses adolescentes para impedir que Rita destrua a Terra.
Logo na abertura do longa já é possível reparar nas grandes mudanças em relação ao clássico. Já deixam claro que o que está por vir é algo diferente, que pega a trama de Power Rangers, seus elementos e personagens, e cria uma versão inédita seguindo o mesmo molde, mas em outro estilo. Deixam mais "realista". Uma das mudanças foi ignorar aquele padrão utópico de adolescentes certinhos e colocar rebeldes revoltados (embora nem todos sejam) para ser os rangers. Outra mudança foi o visual. Os rangers se parecem mais com trajes do Homem de Ferro, o Alpha com um alien e a Rita com sei lá o que. O ambiente em que Zordon convocava os rangers era uma construção no meio do deserto, mas agora é uma nave alienígena enterrada embaixo de um portal embaixo da água entre precipícios onde nenhum humano vai. E esses são apenas alguns exemplos. A essência continua, mas repaginada.
Tanto a história quanto o humor possui referências a série 'original', como na cena do trailer em que o personagem asiático se torna o ranger preto e o personagem negro fica confuso. O longa ainda tira sarro de questões como o fato dos humanos escolhidos serem adolescentes despreparados em vez de alguém com mais "experiência". Numa das cenas, Alpha 5 faz piada comparando a variedade de etnia do elenco com as cores dos trajes. Mas o humor do longa não se resume a referências, claro, possuindo alívios cômicos válidos em determinados momentos.
Apesar do humor, o filme possui um tom bastante dramático. São adolescentes excluídos da sociedade, que sofrem preconceitos por algum motivo, que possuem problemas diversos. Eles acabam se unindo de forma involuntária e recebem uma missão de alguém que não conseguem confiar. O longa explora bem cada personagem. Isso acaba fazendo a história durar "mais", até por ser um filme de origem, e, por consequência, para alguns, pode cansar. Não que seja ruim. Para quem espera muita ação, vai se decepcionar bastante. É realmente um longa de drama de adolescentes rejeitados, mas muito decente. É um novo olhar sobre Power Rangers. A experiência é curiosa.
A pouca ação do longa é empolgante, mas fica devendo em alguns aspectos. Por um curto momento temos os rangers enfrentando os seres de pedra igual nas séries, de forma tosca mesmo (mas sem soltar faísca), mas no filme há um sentido para ser assim, não inseriram de qualquer jeito. Quem rouba a cena mesmo são os zords, ao som da música tema clássica. Mesmo se desviando de algumas partes do esquema padrão, a batalha final segue semelhante, com direito a monstro gigante e megazord. E isso não é spoiler.
A nova versão de Power Rangers criou um universo realista e sombrio para a franquia, trazendo elementos da série clássica e adaptando para algo cabível nesse novo formato. O resultado é interessante e pode agradar aos fãs da franquia por não fugir das origens. A continuação já foi confirmada e ainda tem muito o que explorar e com mais liberdade, ainda mais depois de um filme completamente de origem. Fiquem para a cena no meio dos créditos, aguardemos os próximos longas e é hora de morfar!
[Matéria de 2017]
Power Rangers
Go! Go! Power Rangers! Mighty Morphin Power Rangers! A franquia americana da Saban "inspirada" (pra não dizer parcialmente copiada com autorização) na japonesa Super Sentai já existe a mais de duas décadas e, após mais de 20 temporadas e alguns filmes, finalmente retorna para os cinemas americanos numa releitura mais "adulta". A versão sombria busca trazer boa parte dos elementos da primeira série num universo repaginado, buscando agradar ao público que cresceu assistindo ao programa.
A nova versão é dirigida por Dean Israelite (Projeto Almanaque) e conta com uma equipe de roteiristas por trás: Ashley Miller e Zack Stentz (X-Men: Primeira Classe), Burk Sharpless e Matt Sazama (Deuses do Egito), John Gatins (Kong: A Ilha da Caveira), Max Landis (Poder Sem Limites), Shuki Levy (roteirista de algumas temporadas de Power Rangers, incluindo as primeiras) e Haim Saban (o próprio produtor da franquia).
Analisar um longa do tipo se torna uma tarefa complicada. Não digo por ele se sustentar pelo fator nostalgia, pois isso felizmente é só um complemento. A questão é em relação a supostos "spoilers". Quem quer se surpreender deve evitar tudo, mas quem acompanha notícias ou simplesmente viu o trailer e tem boa percepção, já percebe elementos sobre o filme que estão visíveis demais. O filme também já começa revelando alguns dos supostos "spoilers", ou seja, não é spoiler, resumindo-se apenas a diferenças e elementos não contados nos materiais de divulgação (e acredite: as confirmações por parte da divulgação são muito mais spoilers que as obviedades). Para evitar reclamações, tentarei não entrar em alguns detalhes.
Na trama, Zordon (Bryan Cranston) enterra as moedas do poder afim de que um novo grupo de rangers encontre-as futuramente. Milhões de anos se passam até que cinco jovens encontram as pedras num campo de mineração. Eles são o ranger vermelho Jason (Dacre Montgomery), a ranger rosa Kimberly (Naomi Scott), a ranger amarela Trini (Becky G), o ranger preto Zack (Ludi Lin) e o ranger azul Billy (RJ Cyler). Ok, mas e o verde? Pois então, a moeda verde está com a vilã do filme, Rita Repulsa (Elizabeth Banks). Zordon e Alpha 5 (Bill Hader) começam a treinar esses adolescentes para impedir que Rita destrua a Terra.
Logo na abertura do longa já é possível reparar nas grandes mudanças em relação ao clássico. Já deixam claro que o que está por vir é algo diferente, que pega a trama de Power Rangers, seus elementos e personagens, e cria uma versão inédita seguindo o mesmo molde, mas em outro estilo. Deixam mais "realista". Uma das mudanças foi ignorar aquele padrão utópico de adolescentes certinhos e colocar rebeldes revoltados (embora nem todos sejam) para ser os rangers. Outra mudança foi o visual. Os rangers se parecem mais com trajes do Homem de Ferro, o Alpha com um alien e a Rita com sei lá o que. O ambiente em que Zordon convocava os rangers era uma construção no meio do deserto, mas agora é uma nave alienígena enterrada embaixo de um portal embaixo da água entre precipícios onde nenhum humano vai. E esses são apenas alguns exemplos. A essência continua, mas repaginada.
Tanto a história quanto o humor possui referências a série 'original', como na cena do trailer em que o personagem asiático se torna o ranger preto e o personagem negro fica confuso. O longa ainda tira sarro de questões como o fato dos humanos escolhidos serem adolescentes despreparados em vez de alguém com mais "experiência". Numa das cenas, Alpha 5 faz piada comparando a variedade de etnia do elenco com as cores dos trajes. Mas o humor do longa não se resume a referências, claro, possuindo alívios cômicos válidos em determinados momentos.
Apesar do humor, o filme possui um tom bastante dramático. São adolescentes excluídos da sociedade, que sofrem preconceitos por algum motivo, que possuem problemas diversos. Eles acabam se unindo de forma involuntária e recebem uma missão de alguém que não conseguem confiar. O longa explora bem cada personagem. Isso acaba fazendo a história durar "mais", até por ser um filme de origem, e, por consequência, para alguns, pode cansar. Não que seja ruim. Para quem espera muita ação, vai se decepcionar bastante. É realmente um longa de drama de adolescentes rejeitados, mas muito decente. É um novo olhar sobre Power Rangers. A experiência é curiosa.
A pouca ação do longa é empolgante, mas fica devendo em alguns aspectos. Por um curto momento temos os rangers enfrentando os seres de pedra igual nas séries, de forma tosca mesmo (mas sem soltar faísca), mas no filme há um sentido para ser assim, não inseriram de qualquer jeito. Quem rouba a cena mesmo são os zords, ao som da música tema clássica. Mesmo se desviando de algumas partes do esquema padrão, a batalha final segue semelhante, com direito a monstro gigante e megazord. E isso não é spoiler.
A nova versão de Power Rangers criou um universo realista e sombrio para a franquia, trazendo elementos da série clássica e adaptando para algo cabível nesse novo formato. O resultado é interessante e pode agradar aos fãs da franquia por não fugir das origens. A continuação já foi confirmada e ainda tem muito o que explorar e com mais liberdade, ainda mais depois de um filme completamente de origem. Fiquem para a cena no meio dos créditos, aguardemos os próximos longas e é hora de morfar!
[GEEKABLE] [CRÍTICA] Kong: A Ilha da Caveira
[Repostagem temporária de algumas críticas que publiquei no Geekable].
[Matéria de 2017]
Kong: A Ilha da Caveira
Kong é um ícone do cinema. Em mais de 80 anos o rei gorila ganhou diversas adaptações, sendo o original de 1933, os remakes de 1976 e 2005 e a batalha japonesa contra Godzilla os quatro filmes mais conhecidos com o personagem. Agora, numa repaginada, a Legendary retorna à franquia após uma década desde seu último longa para um prelúdio, tudo com o propósito de criar um universo interligado de monstros gigantes. Ou seja: O Kong foi pensado para lutar contra o Godzilla.
A trama ocorre em 1973 e os Estados Unidos sofrem pela perda (ou "desistência", como um dos personagens insiste em dizer) da Guerra do Vietnã. Com a tecnologia evoluindo, uma ilha é descoberta e uma equipe formada por soldados, cientistas e outras pessoas a mais é mandada para investigar essa nova ilha. Quem idealiza a exploração são o cientista Bill Randa (John Goodman) e o geólogo Houston Brooks (Corey Hawkins). A escolta militar é comandada pelo sargento Preston Packard (Samuel L. Jackson). São recrutados também o mercenário James Conrad (Tom Hiddleston), a fotógrafa Brie Larson (Mason Weaver), a bióloga San Lin (Jing Tian) e o geólogo Houston Brooks (Corey Hawkins), embora esses dois últimos participem da trama como se fossem figurantes da equipe principal.
Com um elenco de peso, quais as chances do filme dar errado? Muitas, claro. Escolha de elenco não define a qualidade do produto. Felizmente, Kong é um filme que entretém, mas apenas isso mesmo. O longa é bem objetivo: a equipe explorando a ilha e tentando sobreviver aos perigos. Os sobreviventes são divididos e acompanhamos cada grupo separadamente ao longo da trama. Há pontos positivos e negativos nessa escolha, como manter um foco no que está querendo ser mostrado e trabalhar melhor cada personagem em seu momento, mas também o risco de cansar o público em determinadas cenas reciclando diálogos e inserindo conteúdo indiferente. O roteiro não é o forte, mas é aceitável. O humor utilizado, piadas clichês inseridas aleatoriamente, agrada em parte, mas em outras são bastante mornas.
O que mais chama a atenção em Kong (filme) é o visual atraente, acompanhado de uma trilha sonora envolvente. Outro destaque são algumas das cenas de ação, com soldados de guerra enfrentando seres colossais, sendo o principal deles o famoso gorila Kong (personagem), que ainda não é rei, mas sim um deus da Ilha da Caveira. Embora deixem a desejar em alguns desses momentos, em outros acertam de forma a brilhar os olhos. O primeiro encontro com Kong é tão empolgante que o clima é de Apocalipse Now a cada quadro (inclusive o filme chegou a homenagear o épico longa de guerra num de seus posteres). É um festival de explosões e tiros, helicópteros caindo, soldados com metralhadoras atirando desesperadamente, uma verdadeira guerra. Um momento único a ser apreciado.
Mas o que compensam em alguns elementos, em outros deixam a desejar, como já demonstrei anteriormente. Quando se vê um filme sobre monstros gigantes, o mínimo esperado são monstros gigantes, óbvio. Kong até entrega certa quantidade, mas são tão poucos, um número tão minúsculo de seres para uma ilha justamente onde vivem esses seres. Isso resulta em poucas cenas com esses colossos, poucas marcantes, e, mesmo que cada vez costume parecer um novo, a sensação de falta permanece. O longa tem sua espécie principal graças a uma busca errônea de criar vilões para trama (afinal, o Kong só atacou porque fizeram besteira, ele não é "do mal", embora tenham personagens que considerem isso), mas e as outras criaturas? Só existe uma de cada espécie? Cadê todos?
O título do longa pode passar uma imagem diferente para alguns. Estamos falando de um longa sobre um gorila e sua ilha, mas o Kong sequer tem foco total para ele, nem deveria mesmo. Dos "monstros" (palavra totalmente errônea), ele é o grande destaque, quem cria um segundo objetivo no filme e faz a trama girar, mas a ilha é que é a personagem principal do longa, o ambiente que proporciona todos os desafios. O filme inclusive seria chamado apenas de Skull Island, mas muitos poderiam não saber que se tratava de Kong. É uma produção para a grande massa, então deveriam tornar tudo mais atrativo e aceitável para a maior quantidade de pessoas.
Entre tantas versões, 'Kong: A Ilha da Caveira' marca por ser inédito e apresentar um mundo a ser explorado. Embora tenha seus defeitos, o longa consegue entreter. A trama no passado pós-guerra torna tudo mais interessante e cria vínculos para um universo maior, universo este que está sendo construído. Por enquanto não teremos outro longa focado na Ilha, mas em 2020 teremos a tão aguardada batalha do século: Godzilla vs Kong. O filme foi criado para esse momento e não fizeram de qualquer jeito. Kong ainda está crescendo e, por mais sem noção que pareça o crossover, poderá se tornar um oponente forte para o lagartão. Para os fãs do Godzilla, há uma "surpresa" na cena pós-créditos (nada que não tenha sido revelado antes através de notícias, tanto que a cena quase foi cortada, mas para muitos poderá ser novidade [e a sensação de ver aquilo se realizando não tem preço]). Que venha Godzilla 2 e Godzilla vs Kong!
[Matéria de 2017]
Kong: A Ilha da Caveira
Kong é um ícone do cinema. Em mais de 80 anos o rei gorila ganhou diversas adaptações, sendo o original de 1933, os remakes de 1976 e 2005 e a batalha japonesa contra Godzilla os quatro filmes mais conhecidos com o personagem. Agora, numa repaginada, a Legendary retorna à franquia após uma década desde seu último longa para um prelúdio, tudo com o propósito de criar um universo interligado de monstros gigantes. Ou seja: O Kong foi pensado para lutar contra o Godzilla.
A trama ocorre em 1973 e os Estados Unidos sofrem pela perda (ou "desistência", como um dos personagens insiste em dizer) da Guerra do Vietnã. Com a tecnologia evoluindo, uma ilha é descoberta e uma equipe formada por soldados, cientistas e outras pessoas a mais é mandada para investigar essa nova ilha. Quem idealiza a exploração são o cientista Bill Randa (John Goodman) e o geólogo Houston Brooks (Corey Hawkins). A escolta militar é comandada pelo sargento Preston Packard (Samuel L. Jackson). São recrutados também o mercenário James Conrad (Tom Hiddleston), a fotógrafa Brie Larson (Mason Weaver), a bióloga San Lin (Jing Tian) e o geólogo Houston Brooks (Corey Hawkins), embora esses dois últimos participem da trama como se fossem figurantes da equipe principal.
Com um elenco de peso, quais as chances do filme dar errado? Muitas, claro. Escolha de elenco não define a qualidade do produto. Felizmente, Kong é um filme que entretém, mas apenas isso mesmo. O longa é bem objetivo: a equipe explorando a ilha e tentando sobreviver aos perigos. Os sobreviventes são divididos e acompanhamos cada grupo separadamente ao longo da trama. Há pontos positivos e negativos nessa escolha, como manter um foco no que está querendo ser mostrado e trabalhar melhor cada personagem em seu momento, mas também o risco de cansar o público em determinadas cenas reciclando diálogos e inserindo conteúdo indiferente. O roteiro não é o forte, mas é aceitável. O humor utilizado, piadas clichês inseridas aleatoriamente, agrada em parte, mas em outras são bastante mornas.
O que mais chama a atenção em Kong (filme) é o visual atraente, acompanhado de uma trilha sonora envolvente. Outro destaque são algumas das cenas de ação, com soldados de guerra enfrentando seres colossais, sendo o principal deles o famoso gorila Kong (personagem), que ainda não é rei, mas sim um deus da Ilha da Caveira. Embora deixem a desejar em alguns desses momentos, em outros acertam de forma a brilhar os olhos. O primeiro encontro com Kong é tão empolgante que o clima é de Apocalipse Now a cada quadro (inclusive o filme chegou a homenagear o épico longa de guerra num de seus posteres). É um festival de explosões e tiros, helicópteros caindo, soldados com metralhadoras atirando desesperadamente, uma verdadeira guerra. Um momento único a ser apreciado.
Mas o que compensam em alguns elementos, em outros deixam a desejar, como já demonstrei anteriormente. Quando se vê um filme sobre monstros gigantes, o mínimo esperado são monstros gigantes, óbvio. Kong até entrega certa quantidade, mas são tão poucos, um número tão minúsculo de seres para uma ilha justamente onde vivem esses seres. Isso resulta em poucas cenas com esses colossos, poucas marcantes, e, mesmo que cada vez costume parecer um novo, a sensação de falta permanece. O longa tem sua espécie principal graças a uma busca errônea de criar vilões para trama (afinal, o Kong só atacou porque fizeram besteira, ele não é "do mal", embora tenham personagens que considerem isso), mas e as outras criaturas? Só existe uma de cada espécie? Cadê todos?
O título do longa pode passar uma imagem diferente para alguns. Estamos falando de um longa sobre um gorila e sua ilha, mas o Kong sequer tem foco total para ele, nem deveria mesmo. Dos "monstros" (palavra totalmente errônea), ele é o grande destaque, quem cria um segundo objetivo no filme e faz a trama girar, mas a ilha é que é a personagem principal do longa, o ambiente que proporciona todos os desafios. O filme inclusive seria chamado apenas de Skull Island, mas muitos poderiam não saber que se tratava de Kong. É uma produção para a grande massa, então deveriam tornar tudo mais atrativo e aceitável para a maior quantidade de pessoas.
Entre tantas versões, 'Kong: A Ilha da Caveira' marca por ser inédito e apresentar um mundo a ser explorado. Embora tenha seus defeitos, o longa consegue entreter. A trama no passado pós-guerra torna tudo mais interessante e cria vínculos para um universo maior, universo este que está sendo construído. Por enquanto não teremos outro longa focado na Ilha, mas em 2020 teremos a tão aguardada batalha do século: Godzilla vs Kong. O filme foi criado para esse momento e não fizeram de qualquer jeito. Kong ainda está crescendo e, por mais sem noção que pareça o crossover, poderá se tornar um oponente forte para o lagartão. Para os fãs do Godzilla, há uma "surpresa" na cena pós-créditos (nada que não tenha sido revelado antes através de notícias, tanto que a cena quase foi cortada, mas para muitos poderá ser novidade [e a sensação de ver aquilo se realizando não tem preço]). Que venha Godzilla 2 e Godzilla vs Kong!
[GEEKABLE] [CRÍTICA] LEGO Batman: O Filme
[Repostagem temporária de algumas críticas que publiquei no Geekable].
[Matéria de 2017]
LEGO Batman: O Filme
Uma Aventura LEGO foi o primeiro longa cinematográfico das famosas peças de montar. Um dos personagens que fizeram parte do núcleo principal foi o Batman. Com um vasto universo a ser explorado e um resultado bastante positivo, eis que o longa solo do detetive mascarado surgiu. Se no filme anterior tivemos referências a inúmeros elementos da cultura pop, o que esperar de uma animação Lego do próprio Batman? Mais inúmeras referências, claro. E focadas no Batman! O festival de cenas alternadas entre paródias e homenagens aproveita ao máximo a mitologia do morcego, se encaixando em seu formato cômico com perfeição.
Por via de curiosidade, o gênio bilionário playboy filantropo da DC já havia aparecido em outras animações LEGO, inclusive com filmes solo, mas todos lançados para dvd. Valem a conferida para os fãs, inclusive um deles é baseado num dos jogos da franquia LEGO. Enfim.
A direção fica por conta de Chris Mckay (Frango Robô, Uma Aventura LEGO). Já o roteiro foi composto por um grupo de pessoas: Seth Grahame-Smith (Abraham Lincoln: Caçador de Vampiros), Jared Stern (Vizinhos Imediatos de 3º Grau), Chris McKenna (Igor), John Whittington e Erik Sommers. Na trama, de forma bem resumida, Batman precisa repensar na ideia de trabalhar sozinho após o Coringa unir diversos vilões para derrotar Gotham.
Com indícios da criatividade que está por vir, Batman narra a abertura do filme, ou melhor, tira sarro das logos das empresas envolvidas. Sim, aquelas que aparecem quando o filme está iniciando. E, como ótimo clichê dos filmes de ação, o longa já inicia com vilões planejando algo grandioso. Já são diversas referências logo de começo, tantas que mal dá tempo de refletir sobre cada uma delas. Tem que ser ágil. Não que atrapalhe não 'pescar a referência' na hora, mas a experiência se torna completa e mais divertida quando se entende o que foi subliminarmente referenciado na cena. E, com cenas empolgantes, o longa vai se tornando grandioso antes mesmo da logo do filme aparecer, com direito ao Batman cantando. "Tudo é incrível", já dizia Uma Aventura LEGO. E a fórmula se repete aqui.
Aproveitando a estética Lego e todo o universo dos quadrinhos e dos filmes, a animação brinca com cada elemento, satirizando estereótipos e reforçando contextos presentes nas obras do herói, como família, amigos e amor, explorando seu lado solitário de órfão, seu afastamento de terceiros, sua relação com Alfred, sua rivalidade com Superman e sua preocupação com Coringa. Além, o personagem é exagerado em outros pontos, com um ego de querer sempre fama e ser uma criança rica e mimada por trás do Batman e da imagem de Bruce Wayne. A questão Batman/Bruce também é um ponto a ser tratado.
Mas nem só de Batman vive o filme solo do Batman. Personagens como Robin, Alfred, Barbara e Coringa ganham destaque dentro da trama e são responsáveis pelos rumos do herói. Cada personagem possui sua função e tudo é cumprido de forma natural, dentro de um roteiro milimetricamente calculado para que todas as ações soem dignas do universo Batman ao mesmo tempo que tragam momentos de reflexão ou descontração em meio a referências e mais referências.
Chega a ser difícil analisar uma animação que se usa como base referências e uma trama digna das histórias do morcego sem revelar alguns conteúdos. Para evitar, não entrarei em detalhes. Os fãs do morcego poderão notar diversas menções não só ao universo Batman como também a DC e além. Por parte do Batman, é possível perceber facilmente referências aos filmes e séries, inclusive uma das cenas mostra a trajetória do personagem pelos filmes. Por parte da DC, a Liga da Justiça e o Superman marcam presença. Claro que as referências não ficam apenas no conteúdo midiático, mas para isso é preciso ser ninja (que inclusive será tema do próximo filme Lego) e entender bastante de alguns conteúdos. Para além desse universo, assista e se surpreenda. O longa viaja de forma surpreendente. Estamos falando da Warner e de Lego com DC, seguindo os moldes de Uma Aventura LEGO. Apesar, é bom avisar que o que acontece aqui é bem diferente de seu antecessor. É outra situação, outro modelo de história. E tudo faz sentido.
Em suma, LEGO Batman: O Filme é a animação ideal do Batman, o longa que precisava ser feito. Com muito bom humor, mas sem perder seu lado dramático, ele consegue tratar de questões constantes na mitologia do homem-morcego de forma genial. Claro que se adaptando aos moldes Lego, o que torna mais genial ainda, mas o resultado é satisfatório e válido para os fãs de ambas as franquias.
[Matéria de 2017]
LEGO Batman: O Filme
Uma Aventura LEGO foi o primeiro longa cinematográfico das famosas peças de montar. Um dos personagens que fizeram parte do núcleo principal foi o Batman. Com um vasto universo a ser explorado e um resultado bastante positivo, eis que o longa solo do detetive mascarado surgiu. Se no filme anterior tivemos referências a inúmeros elementos da cultura pop, o que esperar de uma animação Lego do próprio Batman? Mais inúmeras referências, claro. E focadas no Batman! O festival de cenas alternadas entre paródias e homenagens aproveita ao máximo a mitologia do morcego, se encaixando em seu formato cômico com perfeição.
Por via de curiosidade, o gênio bilionário playboy filantropo da DC já havia aparecido em outras animações LEGO, inclusive com filmes solo, mas todos lançados para dvd. Valem a conferida para os fãs, inclusive um deles é baseado num dos jogos da franquia LEGO. Enfim.
A direção fica por conta de Chris Mckay (Frango Robô, Uma Aventura LEGO). Já o roteiro foi composto por um grupo de pessoas: Seth Grahame-Smith (Abraham Lincoln: Caçador de Vampiros), Jared Stern (Vizinhos Imediatos de 3º Grau), Chris McKenna (Igor), John Whittington e Erik Sommers. Na trama, de forma bem resumida, Batman precisa repensar na ideia de trabalhar sozinho após o Coringa unir diversos vilões para derrotar Gotham.
Com indícios da criatividade que está por vir, Batman narra a abertura do filme, ou melhor, tira sarro das logos das empresas envolvidas. Sim, aquelas que aparecem quando o filme está iniciando. E, como ótimo clichê dos filmes de ação, o longa já inicia com vilões planejando algo grandioso. Já são diversas referências logo de começo, tantas que mal dá tempo de refletir sobre cada uma delas. Tem que ser ágil. Não que atrapalhe não 'pescar a referência' na hora, mas a experiência se torna completa e mais divertida quando se entende o que foi subliminarmente referenciado na cena. E, com cenas empolgantes, o longa vai se tornando grandioso antes mesmo da logo do filme aparecer, com direito ao Batman cantando. "Tudo é incrível", já dizia Uma Aventura LEGO. E a fórmula se repete aqui.
Aproveitando a estética Lego e todo o universo dos quadrinhos e dos filmes, a animação brinca com cada elemento, satirizando estereótipos e reforçando contextos presentes nas obras do herói, como família, amigos e amor, explorando seu lado solitário de órfão, seu afastamento de terceiros, sua relação com Alfred, sua rivalidade com Superman e sua preocupação com Coringa. Além, o personagem é exagerado em outros pontos, com um ego de querer sempre fama e ser uma criança rica e mimada por trás do Batman e da imagem de Bruce Wayne. A questão Batman/Bruce também é um ponto a ser tratado.
Mas nem só de Batman vive o filme solo do Batman. Personagens como Robin, Alfred, Barbara e Coringa ganham destaque dentro da trama e são responsáveis pelos rumos do herói. Cada personagem possui sua função e tudo é cumprido de forma natural, dentro de um roteiro milimetricamente calculado para que todas as ações soem dignas do universo Batman ao mesmo tempo que tragam momentos de reflexão ou descontração em meio a referências e mais referências.
Chega a ser difícil analisar uma animação que se usa como base referências e uma trama digna das histórias do morcego sem revelar alguns conteúdos. Para evitar, não entrarei em detalhes. Os fãs do morcego poderão notar diversas menções não só ao universo Batman como também a DC e além. Por parte do Batman, é possível perceber facilmente referências aos filmes e séries, inclusive uma das cenas mostra a trajetória do personagem pelos filmes. Por parte da DC, a Liga da Justiça e o Superman marcam presença. Claro que as referências não ficam apenas no conteúdo midiático, mas para isso é preciso ser ninja (que inclusive será tema do próximo filme Lego) e entender bastante de alguns conteúdos. Para além desse universo, assista e se surpreenda. O longa viaja de forma surpreendente. Estamos falando da Warner e de Lego com DC, seguindo os moldes de Uma Aventura LEGO. Apesar, é bom avisar que o que acontece aqui é bem diferente de seu antecessor. É outra situação, outro modelo de história. E tudo faz sentido.
Em suma, LEGO Batman: O Filme é a animação ideal do Batman, o longa que precisava ser feito. Com muito bom humor, mas sem perder seu lado dramático, ele consegue tratar de questões constantes na mitologia do homem-morcego de forma genial. Claro que se adaptando aos moldes Lego, o que torna mais genial ainda, mas o resultado é satisfatório e válido para os fãs de ambas as franquias.
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Sobre Mim

- Lucas
- Ninguém importante. Formado em jornalismo. Ex-colunista de cinema, quadrinhos e k-pop por aí.